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Webinar: “Sombras da independência no Brasil de hoje”

Ciência na Rua promove o quinto encontro da série “Novos estudos para decifrar o Brasil contemporâneo”

Dentro da série “Novos estudos para decifrar o Brasil contemporâneo”, o Instituto Ciência na Rua apresenta nesta quinta-feira, 4 de novembro, das 11 às 12:30 horas, o webinar “Sombras da Independência no Brasil de hoje”. Os debatedores são João Paulo Pimenta, professor da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Aparecida Silva de Sousa, professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), dois historiadores com vasto conhecimento desse processo histórico fundamental na constituição do país e que o define em alguns traços até o presente.

Dividem a apresentação e condução do debate as jornalistas Mariluce Moura, diretora do Instituto Ciência na Rua, e Luka Franca, coordenadora em São Paulo do Movimento Negro (MNU-SP). A transmissão desse quinto webinar da série será ao vivo pelos canais no YouTube do próprio Ciência na Rua e Bob Fernandes.

Certamente será um dos focos do debate a proposição de João Paulo Pimenta de que o processo da independência do Brasil, que não tem um dia marcado, mas sim um tempo longo, mais intenso entre 1821 e 1823 – ainda que o 7 de Setembro de 1822 seja uma data fundamental da memória coletiva do acontecimento –, criou ao mesmo tempo uma nação, um Estado e uma identidade nacional.

Esses três elementos experimentaram algumas mudanças formais ao longo dos 200 anos da existência do Brasil como um país, mas nunca tiveram sua natureza realmente alterada, defende Pimenta, com riqueza de argumentação histórica e fatos, inclusive em seu novo livro, com lançamento previsto para janeiro de 2022 pela Editora Contexto e que se chamará simplesmente ‘Independência do Brasil’. Seria certamente possível acrescentar o subtítulo “uma história em construção”, porque é assim que o autor vai revelando facetas do objeto que vira e revira ao longo das páginas de forma fascinante.

“Na história da independência do Brasil se encontram múltiplos passados, presentes e futuros”, ele diz, acrescentando que é essa história que seu novo livro quer explicar. “Basicamente, o seu objeto é o processo de separação política entre um conjunto de colônias até então genericamente chamadas de ‘Brasil’, e sua metrópole, Portugal: as origens dessa separação, suas principais forças e seus resultados mais importantes”. Diz mais: “Sua história percorre variados lugares, épocas e dimensões da realidade. É a história de um país que não existia no começo do século XIX, mas que passou a existir unificando internamente regiões e em articulação com outras partes do mundo”.

A brutal desigualdade desse país que se vai construindo, a violência, a forma como se erige um até aqui não vencido racismo estrutural, todos esses fenômenos que marcam o Brasil que conhecemos estão no radar atento de Pimenta, mas sem concessões, com rigor teórico, atento ao processo histórico, porque é história que ele faz, inclusive separando didaticamente, para o leitor de seu novo livro, o que é história, historiografia e memória e, também, claro, o que é a divulgação da história.

Mas, ainda assim é uma narrativa fluente e fácil que oferece agora o autor de uma dezena de obras, com destaque para ‘Estado e nação no fim dos impérios ibéricos no Prata (1808-1828)’, de 2006, e ‘A independência do Brasil e a experiência hispano-americana (1808-1822)’, de 2015. Sobre o 7 de setembro, ele provoca na metade do livro: “E o que, afinal, ocorreu no dia 07 de setembro de 1822? Um pequeno acontecimento que não foi imediatamente valorizado justamente por não ser de grande importância em comparação com os demais que tinham ocorrido e ainda ocorreriam naquele ano; mas que posteriormente se tornaria o principal marco da memória da independência. Um marco da memória, e não da história”.

A independência estava concluída enquanto processo de ruptura do Brasil com Portugal, diz Pimenta ao final, “quando o novo Estado, a nova nação e a nova identidade nacional adquiriram seus fundamentos básicos”. Desde então, “eles foram constantemente reformados, parcialmente modificados, sempre disputados, e continua a ser assim até os dias de hoje”. Ou seja, segundo João Paulo Pimenta, “nunca ninguém tentou seriamente fundar um novo Estado nacional alternativo”. E tampouco quis inventar uma nova nação ou identidade não brasileiras aqui.

Comentários e perguntas da audiência serão contemplados durante o webinar.

O debate que essas ideias propõem se enriquecerá com a visão de Maria Aparecida Silva de Sousa sobre o processo da independência em núcleos historicamente importantes do Nordeste e Norte, como Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará, marcado por lutas intensas e disputas Desde o seu doutorado na USP, nos idos de 2010, ela produziu uma série de reflexões sobre esse cenário de conflitos que emergem sobretudo a partir de 1817 e se prolongam até o segundo semestre 1823.

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