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Do Big Bang ao futuro – ou seria ao passado?

Por Thaciana de Souza Santos

A astrofísica embola os tempos em nossa percepção e até sugere um certo estranhamento entre ciência e religião, mas nos abre o olhar para a beleza do conhecimento, diz colunista 

Eu já contei muitas curiosidades astronômicas que nós, normalmente, não conseguimos entender com tanta clareza quando procuramos na internet. E me dei conta de que não falei sobre a maior delas: como o Universo se formou? Eu acho que isso mexe um pouco com as pessoas, pois cria um embate entre religião e ciência. Cada um explica de uma forma e não sei se há um certo e um errado. Li um livro do Stephen Hawking, Uma breve história do tempo, e ele diz que a ciência não exclui a ideia de existir um criador, apenas delimita o seu tempo de ação – não é como se o meio científico fosse ateu.

Agora eu vou explicar (ou tentar) sobre o Big Bang. Já começamos pelo nome, que era para ser uma grande piada, porque no início a teoria não foi aceita por todos, o que até então é supernormal. É estranho pensar que em um momento o Universo não existia e, no momento seguinte, lá estava ele. Até porque até o conceito de tempo surgiu com essa explosão toda. Antes não tinha nada.

Os estágios iniciais do Universo são caracterizados por densidade e temperaturas absurdamente altas em um único ponto. Nesse estado, as leis da física que já são conhecidas não se aplicam, e existe uma supergravidade, que é a junção das quatro forças fundamentais: gravitação, eletromagnética, nuclear forte e fraca. Essa é a singularidade. Depois, há uma grande expansão de matéria e energia em frações de segundos, algo extremamente rápido. Essa expansão toda explica o Universo ser isotrópico e homogêneo, ou seja, em qualquer direção as suas características são iguais. Esse processo é chamado de inflação.

Depois de muito tempo, coisa de quase 400 mil anos, o Universo já tinha esfriado o suficiente para a criação dos primeiros átomos neutros, e essa recombinação permitiu a liberação de grande quantidade de fótons, que são partículas elementares que compõem a luz. Depois do resfriamento e a combinação de matéria, foi possível se estruturar em regiões, formando galáxias e estrelas.

De forma simples e clara, foi basicamente isso. Claro que teve muito mais acontecimento em um intervalo minúsculo, mas não é o que precisamos saber para entender o básico. O Universo, do jeito que é hoje, ainda continua trabalhando, sem férias remuneradas e sem descanso. Ele ainda continua se expandindo, formando novas estrelas e cuidando daquelas que já morreram. Assim como “nasceu”, um dia “morrerá”, mas não estaremos aqui. Enquanto a nossa espécie existir, o Universo sempre estará aqui e sempre terá algo novo para ser descoberto, porque somos um grão de areia – se juntar toda areia de praia do planeta, insignificantes em sua vastidão.

Ainda há muito o que estudar, mas nem tudo é possível, porque é muito grande e nós só conseguimos ver o passado. Como assim, ver o passado? Isso mesmo, sabe aquela estrela que vemos no céu? Claro que nem sempre é uma estrela, às vezes é outro objeto e nem sabemos, mas vamos focar na estrela. A luz dela já percorreu milhares de anos-luz para chegar até nós. Ela já pode ter morrido, mas a sua luz só chegou agora, e é por isso, que vemos o passado. Até na astronomia o passado é estudado, nada disso de “quem vive de passado é museu”.

É necessário estudar o passado para entender e fazer diferente no futuro. A astronomia é um passo importante para o futuro, mas sempre com os pés no passado e essa é a beleza da ciência.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

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