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Primeiros passos na física médica

por | 29 maio 2024

Tatá conta sobre o teste da máquina de ultrassom, que acompanhou em seu estágio

arte: @paozinho_celestial

Voltamos. E dessa vez vou contar um pouquinho sobre a Física Médica. Como eu disse, aqui na capital o curso é novo, com apenas três turmas. Em São Carlos, já existia há alguns anos, mas, no Butantã, demorou um pouco.

A profissão em si é bem antiga. Não é uma vertente nova da física, apenas uma separação em um curso específico, que é mais recente. Antes, era necessário fazer mestrado e residência para obter tal título, agora, apenas a graduação e a residência bastam.

Eu não sei sobre as linhas de pesquisas da profissão, mas tenho uma noção do básico que é feito no trabalho prático.

Imagino que todo mundo aqui já fez pelo menos um exame de raio-X, né? Então. A parte em que estou é a de radiodiagnóstico, ou seja, diagnóstico por imagem. Ultrassom, tomografia, mamografia, entre outros.

Cada equipamento tem sua particularidade, mas há uma separação em dois grupos, radiação ionizante e não ionizante. A radiação ionizante possui energia suficiente para retirar elétrons dos átomos e então, criar íons. Já a não ionização não faz nada disso. Acho que agora deve ter um ponto de interrogação muito grande na sua cabeça tentando entender todas essas palavras que joguei aqui.

Alguém já deve ter ouvido que raio-X faz mal, não é? Ou algum comentário do tipo “radiologistas trabalham apenas de 4 a 6 horas por dia, porque causa câncer”? Exames que utilizam a radiação ionizante não podem ser feitos com tanta frequência porque podem causar danos. Mas não se preocupem, fazemos eses exames com pouca frequência e pouquíssima exposição. É esse tipo de quantidade de exposição que os físicos médicos calculam.

Então essa é diferença entre a radiação ionizante e a não ionizante. Raio-X fazemos muito raramente, mas o ultrassom já é mais comum. Mulheres grávidas fazem com frequência, e não faz mal como a radiação ionizante.

É claro que existe um termo de consentimento porque há danos possíveis, mas o risco é muito baixo. A física médica trabalhou muito para que fosse seguro para quem opera a máquina e para quem é examinado.

Como posso saber se fui muito exposta à radiação ionizante? Alguns sintomas são comuns: fraqueza, náuseas, queimaduras, perda de cabelo ou diminuição da função orgânica.

Para os pacientes, é algo muito tranquilo, os exames já têm uma dose medida e é tudo bem pensado. Então vá lá, faça o teu raio-X, tomografia ou mamografia sem preocupação nenhuma. Ultrassom também não tem problema nenhum, viu?

Agora, para quem vai lá testar os equipamentos (parte prática do meu estágio), os físicos médicos, é preciso ter um dosímetro: que mede a quantidade de radiação ionizante recebida. O que usamos lá é trocado todo mês. É muito difícil ter algum tipo de problema, que a dose de radiação ultrapasse o que a Anvisa permite.

O técnico que fica na sala de exames com esse tipo de radiação também precisa usar os dosímetros e coletes de chumbo SEMPRE.

O físico médico vai lá no hospital e testa o equipamento para saber se ele está em boas condições físicas, como está a qualidade de imagem e qual é a dose de radiação que vai para o paciente.

No momento, eu fui a campo apenas uma vez, vi como é feito o teste de ultrassom, então vamos falar sobre eles. O teste é muito simples. No equipamento há diversos transdutores, que convertem um tipo de energia em outra. Os mais comuns são: linear, usado mais para carótida e tireóide; convexo, para o abdômen; e o endocavitário, para o transvaginal.

É utilizado um phantom, um objeto que simula a parte do corpo a ser testada. E o teste é muito parecido com o exame em si: é passado um gel em uma parte do phantom, vemos as imagens no ultrassom mesmo, pegamos alguns dados e depois, no escritório, fazemos a análise das imagens, como a exposição do preto e branco e o ruído. E prontinho. Se tudo estiver de acordo com os critérios da Anvisa e se os resultados dos cálculos pré estabelecidos estiverem satisfatórios, está tudo certo. É só continuar utilizando. Se algo está muito fora do normal, exorbitante mesmo, é recomendada a troca. O equipamento pode ser utilizado mais um ano até o próximo controle de qualidade.

Quando eu tiver mais informações sobre os outros testes, volto aqui e conto tudo!

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