jornalismo, ciência, juventude e humor
Feira de profissões na USP: a alimentação dos sonhos

Por Thaciana de Sousa Santos

O conceito do evento é incrível, a experiência é única, a atuação dos estudantes/monitores, impecável, mas há aperfeiçoamentos importantes a serem feitos para o conforto de toda a gente, diz colunista 

 

Já estamos no finalzinho de setembro e logo logo os vestibulares começam, o ENEM está pertinho, e eu tive a oportunidade de ir à feira de profissões da USP para conhecer a forma como os adolescentes encaram e descobrem essa transição.

Eu vou contar como foi todo o processo e já adianto que, com a alta temperatura, não foi fácil.

Resolvi ir no sábado à tarde, fiz o meu caminho normal de ir para lá e, assim que cheguei no terminal Butantã, fiquei até assustada com algumas filas quilométricas que vi. Claro que durante a semana é bem cheio também, mas não naquele nível. Piorou pela demora dos ônibus. Fiquei cerca de uma hora na fila e, com certeza, teve gente que ficou bem mais tempo.

Depois de todo esse tempo de espera, chegou um ônibus e essa era a hora de fazer milagres e desafiar as leis da física, porque estava todo mundo cansado de esperar e todos queriam chegar lá logo. Entrou o tanto de gente que dava e, provavelmente, quem ficou esperou mais uns 30 minutos (pelo menos).

Eu achei um descaso. Já que era um evento de grande magnitude, poderiam aumentar a quantidade de ônibus nesses dias da feira. Colocaram mais uma linha, mas não foi o suficiente.

Chegando lá, fiz o cadastro bonitinho e entrei. Logo de cara já era possível se deparar com o show da física que, para mim (não sendo puxa-saco) foi o melhor. Estava interativo, com explicações e experimentos ótimos, tudo para ativar a curiosidade de quem estava lá.

Realmente a ideia é conhecer os cursos, tirar dúvidas, saber com o que se trabalha, como que é a grade e ter o relato da vivência de quem realmente cursa. Tinha bate-papo com professores de todos os cursos, pavilhões de todas as áreas, minimuseus, bom, tinha de tudo e mais um pouco.

Por conta da superlotação, fui apenas em um dos dois pavilhões de ciências exatas e tecnologia. Havia o primeiro, totalmente voltado aos cursos ofertados pela escola politécnica, e o segundo (o que fui), dedicado a química, física, matemática e astronomia.

Quem ficou nos estandes foram alunos, e eu tenho certeza de que a atuação deles foi impecável, mas preciso ressaltar de novo que estava muito quente, muito mesmo , não tinha nenhuma ventilação nas tendas e estava lotado. Foi desumano o que fizeram com eles.

Fui em um estande de ciências da natureza e uma moça começou a me contar como era o curso, carga didática, e também me mostrou algumas aranhas, abelhas e cobra. Ela estava dando a vida para atrair a atenção e foi quando eu percebi que estava ficando rosa.  Ela precisava respirar um pouco mais fundo, dar um tempo na fala com muito mais frequência que normalmente, e foi aí que eu me toquei de que os estudantes estavam lá desde cedo, com apenas um lanchinho e sem nenhum ar fresco.

Apesar disso, o conceito é incrível, a experiência realmente é única, ainda mais quando você tem entre 15 e 18 anos e todos querem que você saiba o que vai fazer da vida. É muita pressão, e essa é uma oportunidade para saber com qual curso mais se identifica.

Era possível fazer inscrições para a Fuvest durante o evento também, então, de certa forma, estava muito completo, com muito empenho de todos. Cada um estava ali para mostrar o que o seu curso dos sonhos tem de melhor e incentivar outros jovens a também seguir seus sonhos.

Espero que a experiência tenha aberto a mente de muito deles, tenha mostrado um grande leque de possibilidades e facilitado a compreensão de que não precisam escolher algo por dinheiro ou ter medo de escolher o curso com que tanto sonham porque não se sente capz.

Espero reencontrar muitos dos rostos que pude ver nesse evento, que as meninas possam se encontrar nas ciências exatas, e que seus sonhos se realizem.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

Compartilhe:

Colunistas

Luiza Moura

Luiza Moura

Thaciana de Sousa Santos

Thaciana de Sousa Santos

Vinicius Almeida

Vinicius Almeida

Acompanhe nas redes

ASSINE NOSSO BOLETIM

publicidade