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Astrologia, uma baboseira infindável

No momento exato em que começo esse texto é sábado, 1h16. Isso mesmo, madrugada de sábado, e eu não pude deixar meus ânimos se acalmarem para só depois vir aqui conversar sobre isso. Sei que você já se perguntou o que é exatamente “isso”, e lá vamos nós embarcar na velha história do que é a astrologia.

Já falei sobre o coaching quântico e, na época, nem me passou pela cabeça falar sobre a astrologia. Mas algo aconteceu instantes atrás que me forçou a expressar minha indignação em plena rede social. Eu sei que a curiosidade está te matando, claro que estou falando de uma morte no sentido figurado da história. Então vamos lá!

O engraçado é que toda essa história se encaixa perfeitamente com o meu texto anterior aqui. Comentei sobre o eclipse solar que ocorreu na última semana e a forma como ocorre, ainda brinquei sobre ser um presente do Universo, mas temos aqui um consenso de que o Universo não atende aos pedidos das pessoas, né? Acredito (e espero) que sim.

Bom, o evento em si foi lindo (pelo menos visto do YouTube foi sim) e houve quem tenha aproveitado para marcar um momento lindo na vida — aí é que entra a história de hoje. Vi no Instagram um desses momentos de um casal do Texas que se casou em pleno eclipse solar e, olha, foi lindo. Todos usaram os óculos de proteção que tal evento exige pelo bem da saúde do ser humano. Eu não imaginaria momento melhor para casar, juro.

Entrei nos comentários do vídeo e muitas pessoas falavam sobre como foi lindo, ou como ninguém pensou nisso antes, ou em planos para fazer o mesmo. Como uma boba apaixonada, eu não poderia imaginar que haveria alguém contra um momento desse. Mas, o ser humano sempre nos surpreende, a surpresa nem sempre é boa, e  aqui vem ela: uma moça, cujo nome será mantido em sigilo (para evitar um processo ou algo do tipo,) comentou: “eu, astróloga, vendo isso: 🤡”. Logo pensei: esse é o preço que eu pago por saber ler. E se por um instante pensei que não tinha como piorar, piorou. Sempre tem como piorar, eu já deveria saber.

Claro que esse comentário despertou a curiosidade de alguém, o que já era de se imaginar. A moça em questão respondeu à pergunta do curioso dizendo que “os eclipses trazem à tona tudo que há de positivo e negativo (a depender do mapa da pessoa ou no caso aí, das pessoas)”. Foram essas as exatas palavras escritas por ela, além de algumas explicações sobre como o eclipse evidencia mais as inseguranças das pessoas.

Fiquei incrédula, porque não me parecia ser possível uma baboseira tão sem fundamentos e sem comprovações científicas. Mas, de certa forma, foi sério. Muito sério. E pensando em quem fez a pergunta, resolvi responder e, da mesma forma como ela iniciou a conversa, eu iniciei a minha explicação: “eu, como estudante de física, posso te afirmar que os eventos astronômicos não têm nada a ver com a vida do ser humano. O eclipse solar demora bastante para acontecer, além de não ser visível em todo planeta. Logo, não faz sentido nenhum colocar a culpa de uma vida frustrada em cima dos astros”.

Pronto, foi aí que minhas palavras desencadearam a resposta de toda uma legião de pessoas  defendendo a astrologia, me perguntando em que mundo vivo, porque a astrologia já foi considerada uma ciência, e que já há cursos de graduação nesse campo, e uma infinidade de outras coisas, como o fato de a astrologia não ser apenas horóscopo e pipipi popopó.

Independentemente do que a astrologia acredita, Stephen Hawking a considerava uma pseudociência. E com toda a reação na rede, fui obrigada a pesquisar um pouco sobre isso. Há um cientista de quem gosto bastante, Sergio Sacani, e, em um seu podcast, fizeram uma pergunta sobre a astrologia, recorte em que me detive, e tratei de olhar também os comentários (o que novamente, eu não aprendi com o passado, né?). E, para a minha surpresa, muitas pessoas estavam concordando sobre a farsa que é a astrologia.

É muita prepotência achar que a física do Universo se comporta a fim de agradar a raça humana dentro de tanta vastidão. A simples existência de tal pensamento realmente não faz sentido algum.

O movimento dos astros precede a existência humana, então, por que raios o meu humor depende do movimento deles? Viu?, é um negócio sem pé nem cabeça e sem base experimental nenhuma, soa até ridículo.

“Ah, mas eu combino muito com o meu signo, o meu horóscopo sempre está certo”, me dizem. Gente, na minha cabeça, foi feito apenas um estudo sobre comportamentos humanos e, com base em aniversários, e criaram um perfil para os signos. Apenas. E, para aqueles que querem explicações sobre por que nada na vida dá certo, as oferecidas por astrólogos funcionam, mesmo as terapias sendo muito mais eficazes.

Mas se alguma coisa está dando errado na sua vida, a culpa não é da Lua em câncer ou algo do tipo. Essa foi uma forma encontrada de terceirizar os problemas de sua própria vida.

Em minha pesquisa sobre a tal pseudociência, encontrei um site que fala sobre o experimento feito por alguns pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, sobre o perfil de quem acredita em astrologia, com base em mais de 200 respostas obtidas através de um formulário online.

A avaliação foi feita em categorias: crença na astrologia, personalidade, inteligência, além de um teste específico sobre narcisismo. A conclusão: quanto maior o narcisismo, maior a crença na astrologia. Os pesquisadores explicam que essa associação acontece provavelmente devido a uma visão de mundo egocêntrica que os liga. Uma hipótese a ser estudada futuramente.

O que, aliás, nos leva a um ponto sobre o qual já falei: a humanidade quer transferir os seus erros para terceiros. Bom, na próxima semana, abordarei os fundamentos  científicos de por quê a astrologia não funciona.

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