Colunista se espanta com falta de rigor científico em letras de música

ilustração: @paozinho_celestial
Quando gostamos muito de algo, tendemos a estudar sobre isso para reunir todas as informações possíveis. Foi o que eu fiz em relação ao curso de graduação que escolhi. Gostava muito dos astros e queria ver como que tudo isso funcionava, mas depois eu percebi que ter um pouco de conhecimento nos faz olhar o mundo de uma forma diferente.
E, com isso, algumas coisas me parecem um pouco diferentes agora, diferentes de quando eu tinha apenas sonhos e curiosidades. Parece que é um toque mais científico, não sei explicar direito.
Mas vamos lá ao tópico de conversa essa semana. Hoje farei meio que um “dissecando versos” de algumas músicas que ouvimos e nem nos atentamos aos “erros”, acho que isso é intencional na verdade, uma licença poética.
Mas vou dizer qual foi a música que deu esse “click” na minha mente e me fez pensar sobre, foi ‘Lingerie’, da rapper Budah”. Não é um estilo musical que atrai too mundo, mas eu gosto. Enfim, tem uma parte em que a cantora diz: “olha o Sol, desligou” e eu nunca tinha parado para pensar muito, mas ouvi mais uma vez e fiquei “caraca, ela cantou isso mesmo” e fiquei me perguntando se a licença poética cobre isso.
Fiquei me perguntando como que raios o Sol desligou. Acho que pensando na melodia e tudo mais, a frase se encaixou e combinou, mas olha o tamanho equívoco científico. Fica parecendo que podemos acender e desligar o Sol, como se fosse só conectar na tomada e bum, ligou. Nós sabemos que as estrelas possuem um tempo limitado de vida, mas é um processo incrivelmente longo.
E é pensando assim que percebemos a quantidade de músicas que cometem essas “gafes”, tipo aquela tão conhecida da Paula Fernandes: “eu quero ser pra você/ a Lua iluminando o Sol”, a declaração de amor é linda, mas convenhamos, né? A Lua não tem luz própria, conseguimos vê-la porque reflete a luz Sol. E mesmo o Sol, sendo tão grande, ainda não consegue iluminar a Lua toda. Tendo essa informação, como é que eu sou para você a Lua iluminando o Sol, sendo que eu não tenho luz para iluminar você, que tem luz até demais?
Eu entendo todo o sentimentalismo por dentro da letra, sobre a declaração de amor, enfim, entendo o romance. Eu amo o romance e gosto muito disso, porém eu acho que dava para pesquisar um tiquinho e se certificar de não cometer tais erros.
Os compositores podem mesmo ter toda essa liberdade que tem? Assim, eu sei que são apenas músicas, mas é algo que muitos de nós gostamos, nos identificamos com as letras, mas se analisarmos profundamente ou com conhecimentos científicos, percebemos erros e parece triste até. Se hoje, me dedicassem a música da Paula Fernandes, eu choraria.
A pessoa está me chamando de sem luz, é isso que eu vejo e não há nada de romântico nisso. Agora eu te convido a ter um pensamento um tanto quanto mais crítico para as músicas e perceber essas distorções entre o meio científico e as letras que cantamos.