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Uma semana de euforia na ciência mundial – e brasileira também!
Ciência animada

por | 27 jan 2018

Esta semana foi especialmente animada nos domínios da ciência e da divulgação científica pelo mundo afora. Do anúncio na quarta-feira, 24, da primeira clonagem de primatas, feito especial e polêmico de um grupo de pesquisadores chineses, passando pela informação na quinta, 25, sobre as fortes evidências encontradas por uma equipe israelense de que nossa espécie, o Homo sapiens, teria deixado a África muito antes do que se pensava até aqui, quer dizer, há cerca de 100 mil anos, e já estaria no Oriente Médio entre 194 mil e 177 mil anos atrás, desembocamos no Brasil, no mesmo dia 25, com a bela notícia de que o país, apesar de todos os seus pesares, entrou na elite da pesquisa matemática.

Sobre essa promoção brasileira para o Grupo 5, que reúne as nações mais desenvolvidas na pesquisa da área, orgulhosamente anunciada pelo diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (INPA), Marcelo Viana, Ciência na rua publica matéria elaborada por sua editora Elisa Marconi (veja abaixo).
Sobre os dois outros importantes feitos científicos da semana, demos imediatamente notícia nas páginas do Ciência na rua nas redes sociais, remetendo às matérias agilmente publicadas pelo jornalista Reinaldo José Lopes em seu blog, e reproduzidas na versão impressa da Folha de S. Paulo, em cada caso, no dia seguinte, quinta-feira e hoje, sexta.

Fragmentos que indicam a idade do hominídeo

Recuperemos resumidamente as descobertas relatadas: a pesquisa coordenada por Israel Hershkovitz, da Universidade de Tel Aviv, cujos resultados foram publicados na revista Science desta semana, baseou sua principal conclusão em apenas um pedaço de osso maxilar, achado entre fósseis e artefatos de pedra na caverna de Misliya, nas encostas do Monte Carmelo, em Israel. Peça pequena,mas muito relevante. O Oriente Médio (“encruzilhada natural da África com o resto do mundo”, observou Lopes) apresenta-se, assim, como um certo enigma na dispersão do sapiens pelo mundo, uma vez que só se encontra evidências de sua presença em outros lugares a partir de 60 mil anos atrás.

A propósito, lembramos que o bioantropólogo brasileiro Walter Neves, em vídeo deste mês para o Ciência na rua relatou achados da presença de um nosso ancestral na Jordânia, saído da África, o Homo florensis, em tempos muito mais recuados do que se supunha, algo como 200 milhões de anos.
Já as duas fêmeas clonadas de macacas cinomolgo, espécie comum no Sudeste Asiático, tornaram-se realidade pelas mãos da equipe coordenada por Qiang Sun, pesquisador do Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai. É uma inquestionável vitória do grupo, depois de décadas de tentativas frustradas por várias equipes científicas, desde o nascimento da ovelha Dolly em 1996. Desde então, 23 diferentes mamíferos foram clonados basicamente com a mesma técnica pioneira, mas os primatas permaneciam como uma barreira desafiadora.

A grande dificuldade para refinar o método, maior ainda em primatas, era vencer os obstáculos para reprogramar corretamente o DNA da célula madura, já marcadas por padrões específicos de ativação ou desativação que lhe permitem desempenhar determinadas funções no organismo, no momento de fundi-lo ao óvulo do qual se retirou o núcleo,

A equipe de Quiang Sun tinha identificado, em estudos anteriores, as regiões resistentes à reprogramação (RRRs) no DNA, onde é mais difícil apagar as marcas da célula madura e valeram-se de uma espécie de borracha molecular para eliminá-las antes da implantação dos óvulos no útero de mães de aluguel, o quepermitiu que o DNA voltasse a sua condição anterior.

Com mais alguns refinamentos técnicos, Zhong Zhong e Hua Hua, já com oito e seis semanas de vida, puderam ser apresentadas ao mundo, enquanto o artigo científico estava sendo publicado na revista Cell.
Assim a semana nos fronts da ciência nos levou do nosso passado remotíssimo ao futuro de novos e grandes avanços na clonagem, ferramenta importante da pesquisa biomédica, deixando ainda um alento de esperança para o desenvolvimento da ciência brasileira em tempos tão dramaticamente conturbados,

Vídeo original de Geobeats News

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