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Uma base comum deve garantir a qualidade dos dados sobre biodiversidade

por | 19 fev 2016

A compilação de informações da diversidade biológica do planeta é um dos grandes desafios dos cientistas e instituições que atuam nesse campo do conhecimento. “Muitos desses dados espalhados pelo mundo são armazenados de formas distintas, o que dificulta seu uso para análise e tomada de decisões”, diz o engenheiro eletrônico e agrônomo Antonio Mauro Saraiva, coordenador do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Computação da Universidade de São Paulo (Biocomp-USP).
Junto com o programa Biota-Fapesp, o Biocomp é um dos organizadores do simpósio sobre qualidade de dados de biodiversidade, “Desenvolvendo uma estrutura conceitual comum para melhorar o uso de dados de biodiversidade”, que vai ocorrer na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 8 de março próximo. O evento é apoiado também pelas instituições internacionais Sistema Global de Informação sobre a Biodiversidade (GBIF) e Padrões de Informação sobre Biodiversidade (TDWG).

Há uma expectativa forte de que o simpósio resulte efetivamente na definição dessa base comum para a qualidade dos dados (DQ) e para sua aplicação em casos específicos, como a modelagem (estimativas) de distribuição de espécies e os estudos em agrobiodiversidade.
Segundo Saraiva, é gigantesca a quantidade de dados de biodiversidade existente hoje em plataformas digitais. Para se ter uma ideia, apenas a GBIF, por exemplo, tem cadastradas em seu portal cerca de 656 milhões de registros de ocorrências de animais ou vegetais.
“Como cada lugar obtém essas informações e as armazena de uma forma distinta, ela terminam não fornecendo um dado com qualidade para outros pesquisadores ou instituições”, enfatiza.

Biodiversidade, a propósito, é a diversidade da vida, incluindo a fauna, a flora e os microrganismos e todas as funções ecológicas desempenhadas nos ecossistemas formados por eles. Estima-se em mais de 1,75 milhão as espécies diferentes já descritas, de acordo com a informação de Thomas Lewinsohn, professor do Departamento de Biologia Animal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante um ciclo de conferências do Biota-Fapesp, em 2013 (Pesquisa Fapesp, edição 205, março de 2013).

Parece muito?! Não é. Segundo Lewinsohn ainda podem existir outras 12 milhões de espécies desconhecidas. Mas não há consenso e o número talvez ultrapasse 100 milhões de espécies, não há como saber exatamente.

De todo modo, o Brasil, reconhecidamente o país com a maior diversidade biológica, abriga entre 15 e 20% do número total de espécies do planeta, de acordo com informações do livro Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo, editado pelo programa Biota-Fapesp em 2008 .

Parece complexo, mas conhecer a biodiversidade é uma garantia ao equilíbrio dos ecossistemas e do mundo como um todo. O valor econômico da biodiversidade é incalculável, tanto no âmbito biológico e científico quanto no âmbito econômico e cultural, assinala o mesmo livro. Além de ser a base das atividades agropecuárias, florestais e pesqueiras, a biodiversidade é também o que sustenta o desenvolvimento biotecnológico, uma área indiscutivelmente estratégica.
Assim, para Antonio Saraiva, a qualidade dos dados de biodiversidade é um assunto que afeta a todos de alguma forma envolvidos com a diversidade biológica. “Afeta desde o cientista que coleta dados em campo até as instituições que têm a custódia desses dados e os disponibilizam aos usuários finais, sejam eles cientistas, instituições ou governos que vão utilizá-los para fazer uma análise ou tomar uma decisão”.

O evento

Biodiversity Data Quality Symposium: Developing a Common Framework to Improve Fitness for Use of Biodiversity Data
Quando: 8 de março de 2016
Horário: 8h30 to 17h00
Onde: FAPESP – Rua Pio XI, 1500 – Alto da Lapa – São Paulo

Informações: www.fapesp.br/eventos/gbif

Registro de interesse no evento: www.fapesp.br/eventos/gbif/interest

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