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Meninas da computação

por | 7 fev 2018

Garotas são aptas e poderosas com tecnologia

No sábado 24 de fevereiro, acontece na Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, um evento bem menininha. Sim, o Technovation HackDay, que vai estimular garotas de 10 a 18 anos a programar sites e aplicativos.

Confesse que você não tinha imaginado que seria um encontro de tecnologia. A ideia do HackDay é exatamente mostrar que o mundo digital, da programação e da computação, é, sim, lugar de mulher, contrariando uma noção antiga, teimosa e preconceituosa de que ciências exatas são para meninos e humanas, para meninas.

“Eventos desse tipo permitem às meninas participar de atividades práticas e, dessa forma, vivenciar suas possibilidades, entendendo na prática que computação também é coisa de menina. Elas passam, então, a não mais acreditar no que a mídia lhes impõe, e sim na realidade que puderam vivenciar”, explica a professora Kalinka Castelo Branco, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. Ela coordena a iniciativa em conjunto com alunas e pesquisadoras da área de computação da universidade.

Atividades desse tipo, defende a professora, também mostram aos pais que as filhas têm condições de participar do mundo das ciências de computação. Além da mídia, a família exerce um papel importante na escolha das meninas. “Elas acabam sendo impulsionadas, muitas vezes, pela família que ainda vê as salas de aula dos cursos de exatas cheias de meninos e, se perguntam o que a filha vai fazer no meio de tantos homens. A resposta é, ela vai fazer o mesmo que esses homens. Ela vai se dedicar e usar toda a sua criatividade e inteligência para modificar e melhorar a sociedade e o mundo em que vivermos, usando a lógica e a beleza das exatas, principalmente da computação”, defende Kalinka Castelo Branco.

Tem mais: o HackDay também tem como objetivo estimular as participantes a se inscrevam no desafio internacional, o Technovation Challenge. Nessa competição entre estudantes do ensino fundamental e médio do mundo todo, os participantes precisam desenvolver um aplicativo de celular que solucione um problema social.

As garotas que decidirem participar vão contar com a ajuda de pesquisadores do ICMC para a programação e a estratégia de criação e negociação do aplicativo. As equipes finalistas vão para os Estados Unidos apresentar os aplicativos para investidores do Vale do Silício. E as garotas ainda concorrem a um prêmio de US$ 10 mil e suporte para finalizar e lançar o aplicativo no mercado.

A ideia por trás do estímulo à participação dessas meninas num evento global é “pensar grande e se permitir acreditar que temos muita chance”, diz Kalinka. “Temos muita criatividade e podemos, sim, competir de igual para igual com todos os países participantes. Nossa ideia foi justamente, a partir do conhecimento e dos alunos de graduação, pós-graduação e colaboradores da USP, auxiliar essas meninas a dar o melhor, buscando alcançar o objetivo do desafio do Vale do Silício”.

Qualquer garota pode participar do Technovation HackDay da USP de São Carlos . O evento é gratuito e não pede nenhum conhecimento prévio em computação. As inscrições podem ser feitas por aqui até o dia 16 de fevereiro.

Lara (dir.) com a amiga Miriam Harumi e as medalhas da Olipíada de Matemática

Geninha

Num outro front, mas com a mesma convicção para provar que computação e tecnologia são assunto de mulher, a estudante Lara Franciulli, de 17 anos, anda circulando e se apresentando para várias plateias no Brasil e no exterior.

Na quinta-feira, 01 de fevereiro, por exemplo, estava em São Paulo, a convite da UberMeninas, programa da Uber sobre tecnologia com garotas de seis a 10 anos.

Lara ganhou a primeira medalha de ouro numa Olimpíada de Matemática aos 12 anos. Foi, então, convidada a participar da etapa internacional da competição na Argentina. E saiu de lá com o bronze. De lá para cá, já abocanhou outras 10 medalhas em disputas científicas dentro e fora do país.

Até a Organização das Nações Unidas (ONU) convidou a garota a falar. Ela estará na delegação brasileira na 21ª Assembleia da Juventude, nos Estados Unidos, entre 23 e 27 de fevereiro, se conseguir arrecadar o valor para custear a viagem.

E o que tanto Lara tem a dizer? “Sempre reparei que havia poucas meninas nas olimpíadas científicas de que participava e percebi que essa é a minha missão: plantar uma sementinha para que elas vejam como é possível mudar o mundo com tecnologia e queiram fazer parte disso”, em entrevista à revista Veja, em 02 de fevereiro.

 

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