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Pesquisador cria aplicativo para estimular o aleitamento materno
Tecnologia

por | 5 abr 2016

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Durante a residência na especialização em Enfermagem Neonatal no Hospital Regional da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 2013, o enfermeiro Alexandre Rodrigues Mendonça observou a dificuldade das mães em assimilarem todas as orientações sobre a amamentação, passadas pela equipe do hospital.

Segundo o pesquisador, muitas dúvidas surgiam logo após a alta e contribuíam para a desistência no aleitamento. Essa percepção deu inicio à criação do aplicativo de celular IMom, uma plataforma gratuita de conteúdos científicos sobre variados temas do universo materno, com possibilidade de interação entre as usuárias e uma equipe de profissionais da saúde para sanar dúvidas durante o período gestacional e o pós-parto.

Desde a residência Alexandre, atualmente colaborador do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vem construindo um banco de dados com temas e textos sobre o assunto. O desenvolvimento do aplicativo surgiu durante a sua pesquisa no mestrado profissional de Ensino em Saúde, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), com a tese “A aplicabilidade e um ambiente virtual de discussão sobre aleitamento materno direcionado a gestantes e nutrizes”, sob orientação do professor Antonio Sales.

O impulso para criar o aplicativo veio de uma observação de Alexandre, ainda na residência, sobre as mães que continuavam em contato, após a alta hospitalar, com as enfermeiras pelo celular, para tirar dúvidas sobre o aleitamento. “Percebi que essas mães tinham mais sucesso na amamentação e nos cuidados, justamente por esse assessoramento online. Apesar de explicamos muitas vezes a mesma coisa, enquanto o bebê esta internado na UTI, a mãe não tem cabeça para assimilar o que esta sendo explicado e só quando esse bebê vai pra casa, começam a aparecer as dúvidas e os problemas que elas não sabiam como lidar”, conta.

IMom

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O “IMom – Aleitamento Materno” está disponível em forma de aplicativo para smartphones (plataforma IOS e Android) e tablets. O software reúne  informações e orientações de profissionais da saúde envolvidos com o tema Aleitamento Materno, além de conteúdos com base cientifica sobre gestação, parto e nascimento. As usuárias cadastradas também podem trocar informações com outras mães e tirar dúvidas com profissionais da saúde, membros da equipe do IMom.

O corpo consultivo, como é chamado, é formado por profissionais que atuam no HU- UFGD em áreas como enfermagem, ginecologia e obstetrícia, fisioterapia, fonoaudiologia, além de uma doula. “Isso faz da ferramenta uma extensão da maternidade. A mãe recebe alta, vai para casa com o bebê, mas pode continuar em contato, tirando dúvidas e trocando ideias com o corpo consultivo e com outras mães e gestantes”, comenta Alexandre.

A cada três minutos o aplicativo recolhe as dúvidas enviadas pelas usuárias e encaminha para os celulares do corpo consultivo, se a pergunta estiver marcada como pública ela também fica visível para outras mães. Segundo Alexandre, dependendo da dúvida o profissional já responde assim que recebe.  “Encontrávamos em outros canais respostas prontas, no nosso caso buscamos responder objetivamente o que ela realmente precisa saber, no peso e na medida do seu problema, investigando o cerne da duvida”, enfatiza.

Dependendo da dúvida, os profissionais buscam mais detalhes com a usuária para entender o contexto do problema e abrem uma discussão que pode levar a alguns dias de orientações. Ingurgitamento mamário, mastite, cólicas do bebê, excesso de produção de leite e ajuste da pega e tratamento de fissura mamilar estão entre as principais perguntas enviadas pelas mães.

O aleitamento materno é o foco principal do aplicativo que já registra 1.446 usuárias cadastradas e há uma base de textos sobre aleitamento de gêmeos, uso do leite de vaca, aplicação de compressas nas mamas, fases do leite materno, doação de leite humano, entre outros. “A ferramenta acaba se tornando uma proposta de promover e incentivar a amamentação”, explica Alexandre.

54 dias de amamentação

Em março deste ano uma pesquisa publicada pela revista inglesa The Lancet, especializada em assuntos da área de saúde, destacou os avanços brasileiros em políticas de estímulo à amamentação. O levantamento analisou dados de 153 nações, sendo que o Brasil aparece em posição de destaque em relação a países como a China, os Estados Unidos e o Reino Unido. O levantamento  mostrou que na década de 70, as crianças brasileiras eram amamentadas por um período de dois meses e meio, em média (exclusivamente ou não). Em 2006, o número subiu para 14 meses.

Apesar da evolução, outro estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2008 revelou que a média de duração do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) é de apenas cinquenta e quatro dias no Brasil, sendo que a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é o AME até os seis meses de idade. Com a introdução alimentar nessa idade a OMS recomenda a continuação da amamentação até os 2 anos ou mais da criança. Segundo a organização dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia que o bebê precisa.

O download do IMom nas lojas virtuais de aplicativos é gratuito. O mesmo conteúdo também está disponível no site www.imom-aleitamentomaterno.com.br.

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