jornalismo, ciência, juventude e humor
Os assentamentos crescem e a malária avança na Amazônia

por | 7 jan 2016

Você sabia que existem mais de 2.700 assentamentos agrícolas na Amazônia? Os trabalhadores chegam, abrem espaços na mata e se instalam. Algum tempo depois, muitos contraem malária. E você sabe por que? Não é por acaso, não.

Desmatamento e malária são, digamos, namorados, é o que indica uma pesquisa coordenada pelo professor Dr. Gabriel Zorello Laporta, da faculdade de medicina da USP, desenvolvida no âmbito do programa Biota Fapesp.

Quando o homem interfere demais no ecossistema de um espaço, todas as espécies que vivem nesse lugar são afetadas, há impacto imenso na biodiversidade local e frequente aparecimento de doenças.

E é exatamente isso que está acontecendo em diversas regiões da Amazônia. Ocupação da floresta, alteração da paisagem, impacto na biodiversidade e proliferação do mosquito que transmite malária, o Anopheles darlingi.

O professor Laporta percebeu que esse mosquito horroroso é mestre em explorar novos ambientes que aparecem quando o homem altera o ecossistema. E sabe como ele chegou a essa conclusão?

Observando que, na Amazônia, as pessoas têm muito mais malária nos momentos em que a mata é desmatada para criar os assentamentos.

Por isso, os pesquisadores estudam agora a partir de que momento do desmatamento começa a acontecer a fragmentação da paisagem. Eles reconhecem que o desmatamento é algo tão sério para o ecossistema da Amazônia, que a partir de um momento não há mais nenhuma chance para a biodiversidade se reestabelecer. Triste né? Muito triste!

“Quais são os limiares que se têm os maiores riscos de emergência de malária? Qual a porcentagem de fragmentação que desestabiliza a paisagem?” Perguntam os pesquisadores.

De olho na preservação do ecossistema e na conservação da biodiversidade, os estudiosos já perceberam que a conservação da paisagem natural pode auxiliar no controle de doenças como malária.

Não sei se você sabe, mas a malária é causada pelo parasita Plasmodium, transmitido por meio da picada do mosquito Anopheles. Uma vez no corpo humano, os parasitas se multiplicam no fígado e infectam as células vermelhas do sangue.

A pessoa infectada só apresentará os sintomas entre 10 e 15 dias depois da picada e poderá ter febre, dor de cabeça e ânsia de vômito.

Se o doente não for tratado rapidamente terá graves problemas na condução do sangue para órgãos vitais e poderá morrer dentro de alguns dias.

Só em 2012, a Amazônia registrou 63.000 casos de malária. Isso é muito grave, muito sério e tem muita gente infectada.

A pesquisa do professor Laporta integra um projeto mais amplo, em parceria com o National Institutes of Health (NIH), dos EUA, coordenado porDr. Jan E. Conn (Wadsworth Centre, Albany, NY) e Dr. Anice M. Sallum (FSP/USP).

Passo a passo eles vão entendendo os diferentes aspectos da relação entre malária, biodiversidade e alteração da paisagem.

Compartilhe:

Acompanhe nas redes

ASSINE NOSSO BOLETIM

publicidade