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O amendoinzeiro, quem diria, tem compostos com potencial para combater o vírus da hepatite C
Detalhe das sementes do amendoinzeiro

Detalhe das sementes do amendoinzeiro

Uma planta que se espalha pela vegetação mais comum do campus de Ribeirão Preto da Universidade Estadual Paulista, Unesp, foi o objeto de uma pesquisa ali mesmo no Instituto de Biociências (Ibilce).

O amendoinzeiro, ou amendoim bravo, passou no teste e provou ter propriedades nobres contra o vírus da hepatite C, uma doença séria, com poucas opções de tratamento.

O professor do departamento de química e ciências ambientais Luis Octávio Regasini, coordenador da equipe que tocou a pesquisa disse à Unesp Agência de Notícias que quem pensa que as plantas curativas estão longe do nosso alcance, muitas vezes escondidas em florestas e matas, está enganado, elas podem estar muito perto. “Essa planta está aqui no campus. Aliás existem muitos exemplares nos arredores do Restaurante Universitário”, lembra.

Também conhecida como amendoim-bravo, se espalha no campus e nas matas

Também conhecida como amendoim-bravo, se espalha no campus e nas matas

Pterogyne nitens é o nome científico da planta descrita no estudo que envolveu também professores e alunos do grupo de pesquisa da professora Paula Rahal, do departamento de Biologia, da professora Carolina Jardim da Universidade Federal de Uberlândia, e alunos da pós-graduação em Microbiologia e Química do Ibilce.

Essa turma toda tratou de isolar compostos da Pterogyne nitens que servem como proteção da planta contra os raios ultravioleta.

Chamados de flavonoides, essas substâncias atuam contra o vírus da hepatite C na entrada do vírus na células do fígado, os hepatócitos. “Esse é um dos modos de ação antiviral mais desejados, pois impede totalmente a infecção. Outros fármacos atuam em etapas, nas quais o vírus já está no interior da célula, promovendo danos”, explica Regasini.

Sistematizar os flavonoides é o primeiro passo para que se desenvolvam medicamentos para a hepatite C. Embora já exista tratamento para a doença, os médicos não contam com muitos fármacos para ajustar a terapêutica dos pacientes. “Muitos deles são muito caros e apresentam severas reações adversas”, completa o professor da Unesp, “e para alguns o vírus já mostra resistência. Daí a necessidade de estudos buscando de compostos mais seguros e potentes”.
A pesquisa com o amendoim-bravo virou o artigo Flavonoids from Pterogyne nitens Inhibit Hepatitis C Virus Entry, publicado no dia 23 de novembro no Scientific Reports, da revista Nature. Você pode ler na íntegra aqui.

Para o futuro, Luis Octávio Regasini acredita que o grupo investirá em dois possíveis caminhos. O primeiro seria iniciar a preparação de formulações farmacêuticas, para chegar a um princípio ativo e, no futuro, propor a produção de um medicamento. O segundo, seria começar ensaios em modelos avançados, como animais, por exemplo.

 

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