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Nobel de medicina vai para descobertas de imunoterapia contra câncer
Prêmio Nobel

por | 1 out 2018

James P. Allison

A assembleia do Nobel no Instituto Karolinska decidiu hoje conceder conjuntamente ao norte americano James P. Allison e ao japonês Tasuku Honjo o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina 2018, por suas fundamentais contribuições científicas à imunoterapia contra o câncer que, de acordo com a própria instituição, compõe agora o quarto pilar no tratamento contemporâneo da doença, ao lado da cirurgia, da quimioterapia e da radiologia.

Os achados de Allison e de Honjo visam basicamente a estimular ou recuperar a capacidade de nosso sistema imunológico atacar as células tumorais, uma abordagem nova na terapia do câncer, causa da morte de milhões de pessoas em todo o mundo, anualmente. E por ora, com o aumento contínuo da longevidade humana, não há expectativa de redução no número de casos, mas sim de aumento. Por isso distintos tratamentos são de fundamental importância.

James P. Allison, desde os anos 1990, em seu laboratório na Universidade da Califórnia, e depois na Universidade do Texas, estudou uma proteína conhecida, a CTLA-4, das células T, que funciona como um freio do sistema imunológico. Vale observar que há mesmo uma espécie de paralisia ou redução da atividade normal do sistema imunológico do paciente ante um tumor maligno. O pesquisador percebeu que poderia desenvolver um anticorpo que impediria a ativação do freio, ou seja, liberaria as células imunológicas para atacar tumores. Foi o desenvolvimento desse conceito que o levou a uma nova abordagem para o tratamento de pacientes.

Tasuku Honjo

Em paralelo, Tasuku Honjo descobriu uma outra proteína nas células do sistema imunológico, a PD-1, e, após uma cuidadosa exploração de sua função, acabou revelando que também funciona como um freio, mas com um mecanismo de ação diferente. Terapias baseadas em sua descoberta mostraram-se surpreendentemente eficazes na luta contra o câncer.

Os achados dos dois cientistas resultaram em distintos medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica e, melhor, a combinação dos dois mostrou-se mais eficaz para o tratamento de vários tumores.

Observe-se, como está enfatizado no release do instituto Karolinska, que o câncer compreende muitas doenças diferentes, todas caracterizadas pela proliferação descontrolada de células anormais com capacidade de disseminação para órgãos e tecidos saudáveis.

Várias abordagens terapêuticas estão disponíveis para o tratamento do câncer, incluindo cirurgia, radiação e outras estratégias, algumas das quais receberam prêmios Nobel anteriores. Entre elas estão métodos para tratamento hormonal para câncer de próstata (Huggins, 1966), quimioterapia (Elion e Hitchins, 1988) e transplante de medula óssea para leucemia (Thomas, 1990).

 

 

Na esquerda, em cima: ativação de células T exige que que o receptor de célula T se ligue a estruturas em outras células imunes reconhecidas como não próprias do organismo. Uma proteína que funcione como acelereadora da célula T também é necessária para sua ativação. A CTLA-4 funciona como freio que inibe a função da aceleradora.
Na esquerda, embaixo: anticorpos (verdes) contra a CTLA-4 bloqueiam a função de freio, levando à ativação de células T e ataque às células cancerígenas.
Na direita, em cima: PD-1 é outro freio de célula T que inibe sua ativação.
Na direita, embaixo: anticorpos contra PD-1 inibem a função de freio, levando à ativação de células T e a ataque muito eficiente a células cancerígenas

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