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Não tem jeito, precisa comer fibras e pesquisa explica a razão
Fibras e bactérias

por | 9 jan 2018

Coma fibras, alimente suas bactérias e tenha uma vida mais saudável

Ok, você já sabia. Tem que comer fibras alimentares, nutrientes presentes nas frutas, nos legumes e nas verduras. Você sabe que faz bem para a saúde, mas dá umas escapadas e pula a salada sempre que dá, certo?

Mas com a notícia que vamos dar, talvez você mude de ideia e bote as fibras de vez no seu cardápio. É quase uma ação de filantropia. Sim, porque mandar fibras para dentro faz muito bem para a colônia de bactérias que vive em condomínio com nosso organismo. E, quando essa galera vai bem, seu corpo fica tinindo. Indiretamente, mas fica.

Fredrik Bäckhed, biólogo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e sua equipe estõ tocando uma pesquisa que dá dicas valiosas sobre o papel das fibras na saúde do ser humano. Sabe aquele papo de que elas limpam e regulam o intestino? Então, não é bem assim. Na verdade, as fibras alimentam bilhões de bactérias que vivem no nosso intestino. E quando elas estão saciadas e satisfeitas, o intestino e o sistema imunológico funcionam bem.

Olha aqui onde está o segredo: nosso corpo não consegue fazer tudo sozinho e, para digerir os alimentos, é necessário “banhá-los em enzimas que quebrarão suas moléculas; esses fragmentos moleculares atravessam então a parede do intestino e são absorvidos”, como explica a matéria do repóerter Carl Zimmer, do New York Times publicada no site Uol.

Acontece que o corpo humano produz apenas algumas dessas enzimas e, por isso, somos incapazes de quebrar muitos dos compostos duros das plantas, as tais fibras alimentares. É aí que entra a parceria com as bactérias.

São centenas de espécies e moram no muco do intestino formando um microbioma. Elas sim têm o poder de quebrar as fibras alimentares, porque produzem as enzimas certas. Com as fibras quebradas, o intestino humano pode absorver e se beneficiar daquele conteúdo.

Na reportagem, aparecem ainda outras duas pesquisas recentes na mesma área. “A capacidade dessas bactérias de sobreviver de fibras que não digerimos levou muitos especialistas a se perguntarem se elas estão de alguma forma envolvidas nos benefícios da dieta de frutas e folhas. Dois estudos publicados recentemente no periódico “Cell Host and Microbe” fornecem evidências convincentes de que a resposta é sim”.

É um pouco nojento, mas às vezes ciência é assim mesmo. A equipe do pesquisador Andrew T. Gewirtz, da Universidade Estadual da Geórgia deixou camundongos em uma dieta pobre em fibras, mas bastante gordurosa. “Ao examinar fragmentos do DNA bacteriano nas fezes desses animais, os cientistas puderam estimar o tamanho da população bacteriana no intestino de cada ratinho. Em uma dieta pobre em fibras, eles descobriram, essa população diminuiu cerca de dez vezes”, aponta.

Bäckhed, o cientista sueco, fez algo parecido. Submeteram os camundongos a uma dieta pobre em fibras. “É basicamente o que você encontra no McDonald’s, muita gordura, muito açúcar e vinte por cento de proteína”, disse Bäckhed ao NY Times. Nesse experimento, os pesquisadores encontraram um resultado bem ruim: muitas espécies das bactérias do microbioma do intestino dos ratos se tornaram raras, e as raras se tornaram comuns.

Ainda aconteceram mudanças nos ratinhos mesmo. As duas equipes de cientistas verificaram que o intestino diminuiu e a camada de muco ficou mais fina. “Como resultado, as bactérias acabaram ficando muito mais próximas da parede intestinal, e essa invasão desencadeou uma reação imune”.

Com ar de quem sabe das coisas, Bäckhed conclui: “É aquela coisa chata que todos nós sabemos, mas que ninguém faz. Se você comer mais folhas verdes e menos batata frita e doces, provavelmente vai se sentir melhor em longo prazo.”

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