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Morre o artista ecologista Frans Krajcberg

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No último dia 15 de novembro, o artista Krajcberg morreu, aos 96 anos. Para virar o artista reconhecido e identificado com as causas da natureza, Krajcberg viveu de perto o desmatamento no Paraná, no início da década de 1950; se isolou em cavernas em Minas Gerais e viajou constantemente à Amazônia. A partir das viagens à floresta, propôs o Manifesto do Rio Negro ao lado do crítico de arte Pierre Restany e do pintor Sepp Baendereck, tornando-se uma das primeiras referências contra o desmatamento amazônico.

Pelo seu jeito de trabalhar, ganhou apelidos como o Barbudo das Pedras, do tempo que vivia nas cavernas de Minas; e Tarzan, por gritar para defender os bichos da Amazônia. Virou tema de um documentário de Walter Salles Jr, em 1987. O nome? Mais um apelido: Poeta dos Vestígios, por ressuscitar madeiras calcinadas, troncos mortos, cipós e casca de árvores.

Krajcberg usava raízes e troncos queimados e retorcidos, resultantes das queimadas para abrir pasto no interior do país. Em 2015, ele disse para o jornal O Globo que “É preciso falar sobre a destruição do planeta. E é preciso falar sobre cultura. Estamos passando por momentos difíceis, tem um vazio de arte, não se pronuncia mais a palavra cultura. É uma crise mundial, mas no Brasil parece estar mais profunda. Porque aqui, também se trata de uma crise moral”

Na Bienal das Artes de São Paulo, no ano passado, o artista ecologista expôs, montando uma instalação com troncos queimados que pareciam gigantescos palitos de fósforo queimados e ocas indígenas carbonizadas. Uma curiosidade. Frans Krajcberg não nomeava nenhuma de suas obras. Chamava todas de “Meus Gritos”, dizia, por denunciarem o desmatamento no Brasil.

Ele nasceu na Polônia, em 1921 e sua família foi morta em campos de concentração no fim da Segunda Guerra Mundial. Ele sobreviveu e quis fugir de tudo. Assim, ele veio parar no Rio de Janeiro. Se dizia brasileiro e exigia que assim o reconhecessem. Krajcberg fez escultura, pintura, gravura e fotografia. E sempre – sempre – usou sua arte para denunciar as queimadas e as investidas contra a natureza.

O corpo de Krajcberg foi cremado e as cinzas serão espalhadas no Sítio Natura, onde morava e onde era seu ateliê, em Nova Viçosa, na Bahia. O lugar deve virar um museu em breve.

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