jornalismo, ciência, juventude e humor
Helena Nader: a SBPC é democrática e fez um ato democrático
Política científica

por | 7 jul 2016

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, disse ao Ciência na rua que, de fato, colocou o cargo à disposição no fim da manhã da quarta feira, 6, mas hoje pela manhã, depois do pedido do Conselho da entidade, por unanimidade, para que continuasse na presidência da sociedade científica, decidiu atendê-lo. “Para mim não vai ser fácil. Nós não sabemos qual será o futuro do país, e a extrema polarização, a falta de tolerância em muitos ambientes que deveriam permanecer democráticos, torna tudo mais difícil”, disse ela.

Doeu particularmente a Helena, respeitada pesquisadora de química, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o epíteto de “pelega”, lançado do auditório, enquanto ela coordenava o ato convocado pela SBPC contra a fusão do Ministério da Ciência e Tecnologia com o das Comunicações e pela reposição do orçamento antes aprovado para ciência e tecnologia.

“Estávamos fazendo um evento democrático. Na mesa, a diretoria da SBPC, o presidente do Conselho, Otávio Velho, o reitor Naomar Almeida, da Universidade Federal do Sul da Bahia, anfitriã dessa 68ª  Reunião Anual da Sociedade, e convidamos o vice-presidente da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, quando o vimos na plateia”, contou ela. E tanto o evento era democrático, pondera, que estava escalada para falar a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, que tem uma posição política bastante distinta daquela da SBPC em relação aos problemas que estavam sendo discutidos.

Havia, segundo Helena Nader, um problema de horário e de uso da sala que limitava a quantidade de falas previstas, e foi esse o mote para o começo da discussão com Antonio Carlos Pavão, professor da UFPE, que esquentou ao insuportável a temperatura do ambiente. “Convidei a pessoa para vir ao palco falar e aí começaram as várias agressões”, disse a presidente da SBPC. Para ela foram agressões pessoais.

Na fala que fez ao Conselho da SBPC, hoje pela manhã, explicando porque desejava entregar o cargo, Helena Nader fez uma breve história de sua vida, “daquela parte que não aparece no currículo Lattes”, lembrou as perseguições sofridas na ditadura, a prisão, as torturas e o exílio do marido, o respeitado professor Otto Gotlieb, da Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP). “De uma forma muito bonita o Conselho ouviu e me pediu que ficasse na presidência”, disse.

“O ato caminhava para se encerrar de forma democrática, muito republicana e transparente, quando a intolerância falou mais alto”, ela concluiu.

Compartilhe:

Acompanhe nas redes

ASSINE NOSSO BOLETIM

publicidade