jornalismo, ciência, juventude e humor
Game e Cultura: Tribo indígena cria jogo para contar sua história

 

game_001Caçar, enfrentar os perigos da floresta, viver rituais e lutar pela sobrevivência, parece um roteiro de um simples game de aventura, mas não é! A etnia Huni Kuin (Kaxinawá), tribo indígena do Rio Jordão, localizado no Estado do Acre, criou um jogo de videogame para difundir a sua própria história e espiritualidade. A ideia é usar o ambiente virtual para além de entreter, nos ajudar a conhecer a cultura do povo indígena.

“Huni Kuin: Os Caminhos da Jiboia”, que deverá ser lançado oficialmente em abril, traz uma verdadeira viagem ao universo Kaxinawá, levando os jogadores a entrar na tribo e viver o dia a dia dos índios, como a sobrevivência na floresta, seus cantos, mitos, rituais e sua arte.

O projeto foi idealizado pelo antropólogo Guilherme Meneses, de 27 anos, doutorando em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, que também trabalha com o desenvolvimento de jogos de tabuleiro e de cartas. “Foi um encontro espiritual, eles [os indígenas] tinham esse desejo de fazer alguma animação para manter a tradição viva de alguma forma, em uma nova realidade. O pajé costuma dizer que a história precisa transcender a terra indígena para ganhar mais vida e aproximar a cultura das pessoas…essa é a ideia do jogo”, conta.

O mais interessante é que o projeto é uma criação coletiva, com a participação de cerca de 30 indígenas, além deabel_desenhandoii_001 profissionais como programadores, artistas, game designer e outros antropólogos. Foram cerca de quatro anos para pesquisa e desenvolvimento, além de três meses que a equipe passou dentro da aldeia São Joaquim, para realização de oficinas e produção de conteúdo.

“Construímos tudo sempre juntos. Os indígenas narraram e desenharam as histórias que serviram de inspiração para as ilustrações que estão no jogo”, explica Meneses. Os cantos, as rezas, os sons da floresta que estão no jogo também foram todos gravados lá na aldeia.

Isaka Kaxinawá ou Osvaldo (seu nome brasileiro) que é professor na aldeia, faz parte da coordenação indígena do projeto e é filho do pajé Agostinho Manduca, acompanha a equipe de produção tanto no Rio Jordão quanto em São Paulo, fazendo também as traduções do idioma para o game, que segundo ele, é uma das partes mais interessantes do projeto. “O jogo é muito importante pra nós, principalmente no registro e no fortalecimento da nossa cultura dentro das escolas indígenas”, destacou.

O Jogo

2Disponível para plataformas PC e MAC, o jogo possui cinco fases, cada uma conta uma história do povo Huni Kuin. Recheado de aventuras, baseadas totalmente na vivência da tribo, você poderá realizar tarefas cotidianas para sobrevivência, como a caça, vencer perigos e lutar pela preservação ambiental.

Na história os jogadores vivem as aventuras de um casal de gêmeos Huni Kuin, concebidos pela jiboia Yube, que herdaram seus poderes especiais e precisam vencer uma série de desafios para se tornarem curandeiro (mukaya) e uma mestra dos desenhos (kene), respectivamente.

Logo mais, em abril desse ano o jogo completo deve estar disponível para download, o mais legal: de forma gratuita na internet e ainda em quatro idiomas: hatxã kuin, português, inglês e espanhol.

Confira o trailer: https://vimeo.com/134259062

Acompanhe as novidades do jogo no Blog e na página do Facebook.

Ficou curioso pra assistir os bastidores dessa produção?! O coletivo de produções audiovisuais chamado Beya Xinã Bena (Cultura Novo Tempo), disponibilizou diversos vídeos!

 

 

 

Compartilhe:

Acompanhe nas redes

ASSINE NOSSO BOLETIM

publicidade