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Efeito colateral de remédio permite controle sobre sonhos
Neurociência

por | 16 ago 2018

A galantamina, droga utilizada para tratar mal de Alzheimer, em combinação com treino cognitivo, permitiu a pacientes controlarem seus sonhos, de acordo com reportagem publicada na revista Newscientist. Sonhos lúcidos, em que se percebe estar sonhando e se pode interferir em seu desenrolar, ocorrem naturalmente para algumas pessoas. Outras podem aprender a induzí-los com treino cognitivo. A prática é mais usada para fins recreativos, como sentir a sensação de voar, mas a dificuldade de conseguir resultados limitava, até então, seu potencial terapêutico. O novo método, desenvolvido por uma equipe liderada por Benjamin Baird, na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, promete melhores resultados.

A pesquisa treinou 121 adultos voluntários com a técnica de indução mnemônica de sonhos lúcidos, que consiste em pegar alguma característica de um sonho anterior – um “sinal onírico” – que possa servir de lembrete para ficar lúcido quando encontrado de novo. Depois foi dado a eles cápsulas de galantamina, tratamento usado pra Alzheimer de leve a moderado, que aumenta a memória e também induz o sono REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês), fase do sono mais propícia para os sonhos. Cada voluntário recebeu uma dose alta, uma moderada e um placebo, sem saber qual era qual. Em três ocasiões, eles acordaram no meio da noite, tomaram uma cápsula e voltaram a dormir. A dose alta induziu sonhos lúcidos em 42% dos participantes. Os sonhos lúcidos foram classificados como mais vívidos, complexos e emocionalmente mais positivos do que os sonhos comuns. Um dos participantes voou para desviar de macacos caindo, outro realizou o sonho de patinar num shopping, sabendo que estava sonhando. O próprio Benjamin Baird, que também experimentou a droga, relatou sentir a textura de uma parede de tijolos e ressuscitar uma flor com o poder da mente em seus sonhos lúcidos.

A equipe agora investiga o que os sonhos lúcidos podem revelar sobre a consciência, comparando-os ao sono REM de quem não sabe que está sonhando. Isso poderia revelar partes do cérebro ativas quando sabemos que estamos conscientes. O potencial terapêutico também empolga: além de poder tratar pesadelos recorrentes, a técnica pode ajudar a lidar com fobias.

 

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