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Cobras e lagartos: mapeamento vai ajudar na conservação

por | 5 dez 2017

Iguana, um dos répteis mapeados

Iguana, um dos répteis mapeados

Chegou a vez dos répteis. Depois dos anfíbios, aves e mamíferos, 10 mil lagartos, serpentes e quelônios foram incluídos no Atlas da Vida, a primeira síntese global da distribuição de vertebrados terrestres, coordenada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), junto com ONGs de conservação ambiental.

Os outros grupos de organismos já tinham sido sistematizados em 2008 e agora o atlas conta com números superlativos: 6.110 espécies de lagartos, 3.414 de serpentes e 322 de quelônios. Os dados completam o mapa global das mais de 31 mil espécies dos vertebrados tetrápodes (grupo que exclui os peixes), com cerca de 5 mil mamíferos, 11 mil aves e 6 mil anfíbios.

Distribuição de répteis pelos continentes

Distribuição de répteis pelos continentes

“O mapeamento dos répteis foi descrito em Nature Ecology & Evolution, em um trabalho liderado por pesquisadores das universidades Oxford e de Tel Aviv, que contou com a colaboração de outras 30 instituições de 13 países. Quatro cientistas brasileiros, sendo dois da Universidade de São Paulo, um da Universidade de Brasília e um do Museu Paraense Emílio Goeldi, participaram do estudo e coordenaram parte do mapeamento na América do Sul, junto com pesquisadores do Equador e da Colômbia”, informou a Agência Fapesp, onde saiu a informação.

A repórter Maria Fernanda Ziegler, que assina o texto, conta que “o mapeamento revelou padrões inesperados e regiões de alta biodiversidade em zonas não consideradas prioritárias para conservação. Entre elas estão a Caatinga e o Cerrado brasileiros e a região sul dos Andes no Chile. Outras regiões que mostraram ser pontos de alta biodiversidade são o deserto central da Austrália, o sul da África, as Estepes Euroasiáticas e a Península Arábica.

Quem mais se espalha pelo Brasil são as serpentes. É comum vem a mesma espécie em locais diferentes. Os lagartos, ao contrário, variam de região para região. E é justamente essa característica que merece maior atenção. Embora algumas paisagens pareçam ter unidade, como a Amazônia, olhando de perto, sua fauna e flora são bastante diversas.

O mapeamento vai ajudar na conservação de espécies

O mapeamento vai ajudar na conservação de espécies

“Com um mapeamento detalhado, percebemos cada vez mais que uma grande unidade de paisagem, como a Amazônia, não é algo único. O Escudo das Guianas, por exemplo, tem uma diversidade de fauna completamente diferente da encontrada ao sul do rio Amazonas. Por isso, sem conhecer em detalhe a distribuição e diversidade dos organismos, é muito difícil elaborar boas estratégias de conservação”, explica Nogueira.

O mesmo ocorre com o Cerrado, a Mata Atlântica e outras regiões naturais do continente. No Cerrado, com os dados detalhados pelo mapeamento de répteis, estudos anteriores puderam delimitar, pelo menos, 13 grandes subunidades biogeográficas. Registrar essas peculiaridades ajuda, entre outras frentes, a montar as políticas de conservação de cada região.Normalmente, as listas vermelhas com as espécies ameaçadas de extinção são incompletas e falhas. Dessa vez, com o mapeamento completo, a União Internacional para a Conservação da Natureza poderá usar os dados colhidos e depois fazer a relação das espécies em risco.

O artigo The global distribution of tetrapods reveals a need for targeted reptile conservation pode ser acessado na íntegra aqui.

 

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