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BRANQUEAMENTO AFETA CORAIS BRASILEIROS NO FIM DO VERÃO 2015-2016

por | 27 maio 2016

Mussismilia leptophyla branqueado, sem as microalgas que garantem o colorido

branqueamento Montastrea cavernosa red

Montastrea cavernosa red, vítima do mesmo fenômeno

Nos anos de 2015/2016 está sendo registrado o que tem sido chamado de o pior evento de branqueamento de coral da história. Diversos recifes de corais ao redor do mundo, nos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, correm sério risco de sofrer redução dos principais organismos construtores, os corais, devido ao aumento da mortalidade desses organismos associado ao aumento da temperatura da água da mar causada pelo fenômeno El Niño (ver Miranda et al.2013)*.

Os recifes brasileiros também estão sofrendo com o branqueamento desde março de 2016. Em alguns locais, como nos recifes da Baía de Todos os Santos e de Abrolhos, localizados na costa do estado da Bahia, integrantes do Projeto Corais da Baía registraram diversas espécies de corais construtores com sinais de branqueamento (fotos na home e ao lado). Em alguns locais, a temperatura da água foi medida em até 30°C e mais de 50% da comunidade tinham sinais de branqueamento.

O branqueamento ocorre quando o coral expulsa as microalgas (zooxantelas) que vivem no interior da sua “pele transparente”. Essa pele recobre o esqueleto de cor branca que, sem essas microalgas coloridas,  se torna evidente — daí o nome “branqueamento” para o fenômeno.

Em condições normais, as zooxantelas dão a cor e produzem nutrientes essenciais para a sobrevivência dos corais que, em troca, lhe garante o abrigo na sua “pele”. Essa é uma relação benéfica entre esses organismos que garante a calcificação e o crescimento dos corais e, consequentemente, a construção da estrutura dos recifes de corais.

Com o aquecimento do mar, as zooxantelas começam a produzir substâncias tóxicas para o coral, que acaba as expulsando do seu tecido, e tornando sua aparência total ou parcialmente branca (fotos abaixo). Entretanto, os corais podem se recuperar do branqueamento ao readquirir as zooxantelas na medida em que a temperatura da água volte ao normal. A capacidade de resistência dos corais ao branqueamento varia de espécie para espécie, e os corais-de-fogo (Millepora spp.) parecem ser mais sensíveis do que os corais maciços nos recifes brasileiros.

*link:https://www.lajar.cl/pdf/imar/v41n2/Articulo_14.pdf

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