A notícia podia ser só fofa, porque os animais são muito bonitinhos, mas ela é importante também. Um grupo de cientistas brasileiros, comandados pela zoóloga Flavia Miranda, descobriu seis espécies de tamanduás-anões até então desconhecidos.
Até o momento, acreditava-se que os tamanduás-anões, habitantes das florestas tropicais da região amazônica e da América Central, eram classificados como uma única espécie, chamada de Cyclopes didactylus.
No entanto, os trabalhos da equipe de Flávia, coordenadora da ONG Projeto Tamanduá, realizou testes genéticos e anatômicos e provou que o gênero Cyclopes se divide em pelo menos sete espécies distintas. O artigo que conta a trajetória toda foi publicado na última segunda-feira, 11 de dezembro, na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society.
Os pesquisadores analisaram 33 amostras de DNA e examinaram mais de 300 espécimes do mamífero, também batizado de tamanduaí, ou tamanduá-seda, em coleções de museus de diversos países.
“Quando inciamos as expedições, começamos a ver que eram sete espécies bem marcadas, com diferenças genéticas, morfológicas e biogeográficas. Cada uma delas ocorre em uma região distinta e cada região é separada das outras por grandes rios”, explicou Flavia Monteiro ao jornal O Estado de São Paulo.
E o trabalho não parou aí. Foram identificadas mais três espécies completamente novas: Cyclopes thomasi, que homenageia o naturalista britânico Oldfield Thomas – um dos papas nos estudos de tamanduá-anão -, o Cyclopes xinguensis, da bacia do rio Xingu, e o Cyclopes rufus, de Rondônia, que tem coloração avermelhada.
A equipe de Flavia dedicou os 10 últimos anos a essa pesquisa. Daqui para frente é se aprofundar nas novas espécies, classificar, sistematizar e alimentar as bases de dados com as novidades. Esses bancos de informações são fundamentais para gerar políticas de conservação dos animais. “Trabalho para uma vida inteira”, garantiu a zoóloga na entrevista ao Estado de São Paulo.