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A rua mostra a força dos movimentos sociais e a mídia, os números que lhe interessam

Quatro convidados com histórico de militância em partidos políticos brasileiros fizeram parte do segundo dia do ciclo de debates Cultura e Democracia, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), nesta terça-feira (5) em Salvador.

A diretora da Escola Nacional de Formação do PT, Selma Rocha, abriu a mesa redonda – mediada pelo vice-reitor da UFBA, Paulo Miguez- e fez um breve balanço do que ela considera avanços conquistados pelo Brasil, promovidos pelo partido do qual faz parte. Sobre acusações de corrupção, a diretora defendeu o partido e a si mesma e atribuiu as manifestações sociais contra o impeachment nas ruas à união popular.

“Esse revigoramento nas ruas é resultado da união de classe e a dialética do conflito que fez as pessoas irem às ruas, além da luta de classes. Não acho que possa haver transformação social sem participação dos trabalhadores, principalmente nas ruas. O Brasil não terá saída sem integração, porque ela é necessária, sob a pena de não conseguirmos avanços”, disse Selma. “Tem que deixar Dilma governar, que é o que a direita ainda não fez, com mudanças econômicas principalmente”.

Eleições gerais

O segundo palestrante do debate, na reitoria da UFBA, foi o ex-candidato à Presidência da República pelo PSTU, Zé Maria. O político teceu críticas ao atual governo federal e defendeu novas eleições, sem financiamento de empresas, com “direitos iguais em debates televisivos”.

Zé Maria ainda disse que, apesar de não defender o governo Dilma, não se enquadra na direita brasileira. “Há uma polarização que leva parte da classe trabalhadora a cair no canto da sereia de partidos de direita”. Para ele, o atual cenário político brasileiro está conflituoso, porque o governo fez alianças questionáveis e isso fez com que “as classes trabalhadoras buscassem a primeira alternativa” ao apoiar políticos de direita. Ao se dizer contra o impeachment, o político defendeu novas eleições gerais, para atender as necessidades brasileiras.

Poder da mídia

O jornalista e escritor, José Arbex Júnior, foi o terceiro convidado a opinar sobre o panorama atual político no Brasil. Inicialmente, o intelectual criticou o acúmulo de riquezas que existe no país, o que, segundo ele, reflete o funcionamento do capital financeiro em todo o mundo. Arbex Jr atribuiu situações nas quais presidentes da América Latina foram depostos nos últimos anos ao poder da mídia. Ainda sobre os meios de comunicação, o jornalista contestou os números divulgados pela imprensa em relação aos protestos contra e a favor do impeachment.

“A mídia é competente para separar as boas manifestações, as dos vândalos. Isso é gravíssimo. Não discordo das críticas ao PT, mas o Zé Maria foca os olhos no partido, que não se resume a Lula ou Dilma. Quando eu digo que o PT foi às ruas e levou determinado número de pessoas às ruas, não foi a Dilma ou o Lula, foi o projeto do partido e toda a sua história”.

Apesar de defender o partido, Arbex Jr negou defender o governo Dilma. “Se a burguesia tirá-la com base na iniciativa de um corrupto que é [o presidente da Câmara, Eduardo] Cunha, a esquerda vai precisar de décadas para se recuperar desse golpe. Impeachment não”.

Movimento popular

O outro debatedor que participou do ciclo Crise e Democracia, foi o secretário nacional de Cultura do PCdoB, Javier Alfaya. Ele defendeu a força do movimento popular aliado à esquerda. Alfaya disse reconhecer a dificuldade em governar um país com histórico ligado à escravidão e ao autoritarismo da ditadura militar.

“As forças políticas devem enfrentar esse dilema. Um dos erros do governo foi não transformar a legislação dos meios de comunicação, porque a mídia não é regulamentada. São reformas pendentes que precisamos enfrentar, mas a solução não é a correlação de forças. A democracia precisa ser construída a partir de um jogo que parte de uma nova hegemonia”, disse Alfaya.

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